quinta-feira, 30 de julho de 2009
A página branca indicará o discurso
Ou a supressão do discurso?
A página branca aumenta a coisa
Ou ainda diminui o mínimo?
O poema é o texto? O poeta?
O poema é o texto + o poeta?
O poema é o poeta – o texto?
O texto é o contexto do poeta
Ou o poeta é o contexto do texto?
O texto visível é o texto total
O antetexto o antitexto
Ou as ruínas do texto?
O texto abole
Cria
Ou restaura?
Murilo Mendes
terça-feira, 28 de julho de 2009
A Terceira Margem do Rio
Guimarães Rosa
Nosso pai era homem cumpridor, ordeiro, positivo; e sido assim desde mocinho e menino, pelo que testemunharam as diversas sensatas pessoas, quando indaguei a informação. Do que eu mesmo me alembro, ele não figurava mais estúrdio nem mais triste do que os outros, conhecidos nossos. Só quieto. Nossa mãe era quem regia, e que ralhava no diário com a gente — minha irmã, meu irmão e eu. Mas se deu que, certo dia, nosso pai mandou fazer para si uma canoa.
segunda-feira, 27 de julho de 2009
into the strenuous briefness
Life:
handorgans and April
darkness, friends
i charge laughing.
Into the hair-thin tints
of yellow dawn,
into the women-coloured twilight
i smilingly
glide.
into the big vermilion departure
swim, sayingly;
(Do you think?)the
i do, world
is probably made
of roses e hello:
(of solongs and, ashes)
Tradução:
1
na estrênua brevidade
Vida:
realejos e abril
treva,amigos
eu me lanço rindo.
Nas tintas fio-de-cabelo
da aurora amarela,
no ocaso colorido de mulheres
eu sorrisando
deslizo. Eu
na grande viagem escarlate
nado,dizedomente;
(Você sabe?) o
sim,mundo
é provavelmente feito
de rosas & alô:
(de atélogos e,cinzas)
e. e. cummings, tradução de augusto de campos.
terça-feira, 21 de julho de 2009
DI CAVALCANTI
Ficha Técnica:
Cineasta: Glauber Rocha
Gênero: Documental
Díálogo: Português
Legenda: Sem Legenda
"Di Cavalcanti Di Glauber", ou "Ninguém assistiu ao formidável enterro de sua última quimera; somente a ingratidão, essa pantera, foi sua companheira inseparável" é uma curta polêmica, quando o pintor brasileiro Emiliano Di Cavalcanti morreu, Glauber Rocha foi ao funeral com uma câmera na mão e uma idéia (discutível) na cabeça. Glauber filmou o enterro, o corpo no caixão, enquanto a família de Di, aos berros, pedia para ele ir embora. Ao fundo, tocava o samba-funk ''Umbabarauma, Homem Gol'', na voz de Jorge Ben Jor. Premiado no festival de Cannes, mais tarde o filme foi proibido pela justiça brasileira, a pedido dos familiares de Di, alegando que Glauber desrespeitou o funeral e transformou aquele momento sagrado num carnaval.
quinta-feira, 9 de julho de 2009
O Jumento Santo, de William Paiva
Nossa Aposta - William Paiva
Com um filme de estreia que se baseia no universo do cordel, o pernambucano vira referência entre os animadores brasileiros
Assista aqui à animação de O Jumento Santo, de William Paiva
2ª Parte
segunda-feira, 6 de julho de 2009
O seguinte artigo foi publicado por Antônio Cícero na coluna da "Ilustrada", da Folha de São Paulo, sábado, 28 de junho de 2009. Deliciem-se...
quinta-feira, 2 de julho de 2009
O CINEMA DE MAYA DEREN
Nascimento e Família
Formação Acadêmica
Quando, em 1930, os pais se separaram, Deren é enviada, em regime de internato, para a Escola Internacional de Genebra, na Suíça, onde estuda francês, alemão e russo. Em 1933 retorna aos Estados Unidos e inicia os seus estudos superiores na Universidade de Siracusa, onde frequenta o curso de jornalismo e ciência política (tornando-se activista da organização trotskista Liga da Juventude Socialista (YPSL), na qual conhece Gregory Bardacke, com quem viria a casar em 1935, aos 18 anos). Datam desta época os seus primeiros interesses pelo cinema. Em 1935 transfere-se para a Universidade de Nova Iorque, onde ela e o marido se tornam muito activos em várias causas socialistas. Terminado o curso e separada de Gregory Bardacke (o divórcio só seria decretado em 1939), inicia um mestrado em literatura inglesa e poesia simbolista na Escola Nova de Pesquisas Sociais, que completa em 1939 no Colégio Smith. Terminados os estudos, começa a trabalhar como assistente para vários escritores e editores, enquanto paralelamente desenvolve o seu interesse pela poesia.
Em 1941 torna-se assistente pessoal da coreógrafa / dançarina / antropóloga Katherine Dunham, pioneira da dança negra e autora, em 1936, de um estudo antropológico sobre o Haiti. O trabalho com Dunham inspira Deren a escrever um ensaio intitulado Religious Possession in Dancing. No final de uma digressão, a Companhia de Dança Katherine Dunham fixa-se em Los Angeles durante alguns meses, para trabalhar em Hollywood. É aí que Deren conhece Alexander Hackenschmied, um famoso fotógrafo e operador de câmara de origem checa, que em 1942 se tornaria o seu segundo marido, e que por sugestão da própria Deren, que achava Hackenschmied demasiado judeu, encurta o seu nome para Alexander Hammid. Deren aproveita a pequena herança de seu pai para comprar em segunda-mão uma câmara Bolex de 16mm, que ela e Hammid usaram para realizar o seu primeiro – e mais famoso – filme, Meshes of the Afternoon (1943), em Hollywood. Meshes of the Afternoon preparou o terreno para os filmes americanos de vanguarda dos anos 40 e 50 e seria reconhecido como um marco incontornável do cinema experimental.
Deren regressa a Nova Iorque em 1943 e passa a assinar com um novo nome: Maya (que era o nome da mãe de Buda, assim como uma antiga palavra para água e a palavra que designa o “véu da ilusão” na mitologia Hindu). André Breton, Marcel Duchamp, Oscar Fischinger, John Cage e Anaïs Nin tornam-se parte do seu círculo social de Greenwich Village e a sua influência começa a fazer-se sentir no trabalho de realizadores como Willard Maas, Kenneth Anger, Stan Brakhage, Sidney Peterson, James Broughton, Gregory J. Markopoulos e Curtis Harrington.
No decurso dos anos imediatos Deren continua a criar obras inovadoras em 16mm, nomeadamente At Land (1944) e Study in Choreography for Camera (1945). Em 1946 aluga o Teatro de Provincetown, no centro de Nova Iorque, para mostrar Meshes of the Afternoon, At Land e Study in Choreography for Camera num evento intitulado Three Abandoned Films que durou vários dias. Esta acção audaciosa inspiraria outros realizadores a fazerem a auto-distribuição do seu trabalho. Nesse mesmo ano ganha um Fellowship da Fundação Guggenheim pelo “Trabalho Criativo no Domínio Cinematográfico”, tendo sido o primeiro realizador a ganhar o prestigiado prémio. As suas fotografias e ensaios, incluindo An Anagram of Ideas on Art, Form and Film começam a surgir na imprensa underground. Inicia também o planeamento de um filme sobre transe e ritual, envolvendo a dança, os jogos infantis e os filmes etnográficos realizados por Gregory Bateson e Margaret Mead sobre o transe no Bali.
Em 1947 é-lhe atribuído o “Grande Prémio Internacional para Filmes de 16mm - Classe Experimental” no Festival de Cinema de Cannes, por Meshes of the Afternoon. É a primeira vez que o prémio é concedido aos Estados Unidos e a uma realizadora mulher. Nesse mesmo ano divorcia-se do realizador Alexander Hammid.
A 13 de Outubro de 1961 Maya Deren morre repentinamente de um derrame cerebral, aos quarenta e quatro anos de idade.
A visão cinematográfica de Maya Deren continua a influenciar realizadores de cinema um pouco por toda a parte (de vanguarda e outros) e o seu trabalho é estudado nas mais prestigiadas escolas de cinema do mundo. A edição em DVD dos seus filmes ampliou-lhe a audiência para um público menos especializado. Em 1985, o Instituto do Filme Americano (AFI) criou o Prémio Maya Deren, para dignificar a contribuição e o significado do trabalho cinematográfico independente. Nos Arquivos de Filmes de Antologia (AFA), em Nova Iorque, foi erigido o Teatro Maya Deren, de 66 lugares, para a exibição dos seus filmes e vídeos.
Filmografia
- Meshes of the Afternoon (1943), 16mm, 14’, p&b, mudo (sonorizado em 1952 por Teiji Ito) - com Alexander Hammid;
The Witches' Cradle (1943, não finalizado), 16mm, 13’ rushes, p&b, mudo - com Marcel Duchamp e Pajorita Matta;
At Land (1944), 16mm, 15’, p&b, mudo - fotografia de Hella Heyman e Alexander Hammid;
A Study in Choreography for Camera (1945), 16mm, 3’, p&b, mudo - com Talley Beatty;
Ritual in Transfigured Time (1946), 16mm, 15’, p&b, mudo - coreografia de Frank Westbrook, fotografia de Hella Heyman - com Frank Westbrook, Rita Christiani, Anaïs Nin e Gore Vidal;
The Private Life of a Cat (1947, co-realizado com Alexander Hammid), 16mm, 29’, p&b, mudo e sonoro;
Haitian Film Footage (1947-55, não finalizado), 16mm, 4h rushes, p&b, mudo/sonoro (finalizado em 1981 por Teiji e Cherel Ito com o título Divine Horsemen: The Living Gods of Haiti);
Meditation on Violence (1948), 16mm, 13’, p&b, sonoro - colagem musical de Maya Deren - com Chao-li Chi;
Medusa (1949, não finalizado), 16mm, 10’ rushes, p&b, mudo - com Jean Erdman;
The Very Eye of Night (1952-55), 16mm, 15’, p&b, sonoro - coreografia de Antony Tudor, música de Teiji Ito - com Metropolitan Opera Ballet School;
Season of Strangers (1959, não finalizado), 16mm, 58’ rushes, p&b, mudo;
Assista agora a obra A Study in Choreography for Camera (1945), 16mm, 3’, p&b, mudo - com Talley Beatty.
Fontes: Wikipédia e Youtube.
Para ler o artigo completo, acesse: http://pt.wikipedia.org/wiki/Maya_Deren